sexta-feira, abril 28, 2006

Ouça, mas não caia demais na do Levy.

Numa primeira leitura, as opiniões de Pierre Levy em “O Que é o Virtual” (Editora 34) parecem impressionantes. Quu estamos reinventando nossa própria existência, que o ser humano está se tornando algo maior, algo capaz de abrigar diversas outras formas de existência dentro de si, tornando-se uma espécie de hipercorpo, contendo outros significados e incorporações.

Mas numa observação mais atenta, dá pra ver obviamente que Levy exagera um pouco na dose. Não que suas idéias não sejam interessantes, mas que a importância dada a algumas observações acabam por si só banalizando o ponto inicial da discussão. Isso é claramente visível no capítulo da virtualização do corpo, onde ele tenta buscar abrigo nos instintos básicos do ser humano, mas resvala em interpretações que remetem a novas faces de seu comportamente, o que achei um tanto descabido. Quanto à virtualização do corpo referente aos meios de comunicação de massa, confesso que achei curiosa, embora dêmargem para algumas interpretações pessimistas.

Quando comenta sobre a virtualização do texto, Levy se sai um pouco melhor. Considero a internet o terreno de uma nova linguagem, que se apropria de outros elementos e cria o seu próprio. Ainda é uma linguagem em desenvolvimento, mas as inúmeras possibilidades não deixam de ir ao encontro das observações de Levy. As possibilidades de múltiplas interpretações e de rápida pesquisa aceleram esse processo evolutivo (ou melhor dizendo, mutativo??) numa velocidade assustadora. Talvez mais assustadora do que notável e maravilhosa, como Levy acredita. Até porque essa nova linguagem caminha para se tornar a maior de todas.

Numa obervação mais geral e direta, acredito no seguinte. Levy viaja demais na maionese, é fato. No entanto, ele não deixa de ter interessantes pontos-de-vista, com interpretações inusitadas e até certo ponto, lógicas, que merecem ser ouvidas e discutidas. Mas só não vale ir demais na onda dele.